Nestes últimos dias vimos o
retorno de Wanessa Camargo ao pop nacional com o trabalho audiovisual de “Mulher
Gato”, canção chefe da nova fase da cantora que, segundo ela, retrata um
momento mais livre e autêntico da carreira. Em especial, a letra da canção tem
rendido opiniões variadas, devido ao “teor sexual” da obra que insinua a erotização
partindo de elementos metafóricos do animal felino: enquanto alguns amaram,
outros odiaram, e este fato facilmente pode ser constatado devido ao grande número
de “deslikes” no videoclipe oficial.
Embora acredite que esta figura
de linguagem utilizada na canção tenha sido bem elaborada, ou seja, a proposta
das metáforas nos versos foi de uma sacada inteligente feita pelos
compositores, não quero entrar nesta discussão, pois acredito que o objetivo buscado
para este texto seja outro: o de expor àquelas pessoas que a criticam e a
consideram oportunista e picareta, uma face da Wanessa que talvez poucos se dão
ao trabalho de pesquisar a respeito.
Wanessa Camargo nasceu em
Goiás, na Terra do Sertanejo, é filha e sobrinha de uma das maiores duplas do
gênero no Brasil, Zezé de Camargo & Luciano. Cantora e compositora, desde
muito novinha se interessou pela música romântica internacional, devido a sua infância
vivida nos Estados Unidos, nomes como Mariah Carey, Michael Jackson e Madonna
sempre foram suas grandes influências na música.
Durante a juventude, Wanessa
foi capa de revistas devido a sua personalidade forte e cheia de atitude. Naquela
época, ela mais chamava atenção pelas suas declarações pessoais do que
propriamente pela sua música, que desde cedo cantava e regravava canções de
artistas revolucionários como Rita Lee e Elis Regina.
Aos 22, Wanessa distanciou-se
(por um tempo) da música romântica que a consagrou no cenário, ousando na
criação de 11 composições próprias para um novo projeto chamado “W (2005)”, que
é considerado (e lembrado) até os dias de hoje, como um álbum relevante para o
Pop brasileiro, devido ao hibridismo musical presente na obra: estilos como Reggaeton e Latin Pop envolvem as 15 canções que dão início a uma nova fase na carreira:
uma artista multifacetada, sem rótulos ou gênero musical definido.
De lá pra cá, Wanessa escreveu
uma canção com rapper norte-americano em Meu Momento (2009), fechou parceria
com produtor de música eletrônica, lançando a canção “Falling 4U”, dando início
a era Balada da artista, com turnê em boates e casas noturnas, abraçando o
público LGBT (2010), lançou o DVD DNA Tour (2013), aclamado pela crítica e a
consagrando como artista de música eletrônica. Em 2016, Wanessa volta às
origens sertanejas, decidindo retomar o sobrenome Camargo para sua carreira e
lança o “33”, um álbum “sofrência” e bastante criticado pela mídia que a chamou
de oportunista e picareta.
Agora Wanessa está de
volta ao cenário musical pop dançante e está sendo criticada mais uma vez devido
ao fato de acharem que ela não possui identidade musical perceptível,
tornando-a indigente musicalmente. Que ela é oportunista pelo fato de só lançar trabalhos pop, quando o pop está em alta, ou lançar sertanejo pois as mulheres estão tomando conta do nicho, de colocar e retirar o sobrenome quando lhe convém. Mas na realidade, o fato é que quem
realmente conhece o vasto conteúdo musical da artista, sabe bem que Wanessa tem
sua identidade baseada no hibridismo musical, ou seja, nunca se sabe o que esperar
dela, é sempre uma novidade atrás da outra.
Wanessa é efêmera, é
mutante, é transeunte, é viajante. É sertanejo, é R&B, é latino... e tudo bem!
É feito a borboleta de onde origina o seu nome, livre pra voar. É um ser humano, provavelmente com alguns defeitos, mas que está sempre em busca do
novo, do original e da Luz que a move. Cada trabalho seu retrata um pouco de
sua fase e tem a sua personalidade. Ela é assim, gente como a gente, que
aprende com os erros e sente-se grata a vida por saber que esta fazendo, nem
que seja por um momento, o que realmente faz sentido pra sua vida. Paremos de mimimi e apreciemos a arte como ela é. Se não gosta, basta de recriminação ou preconceito, a sociedade já está cheia de ódio e rancor. Para que tá feio. Partilhemos amor!
Já dizia um sábio, a vida é feita de momentos, então viva, Wanessa!!
Já dizia um sábio, a vida é feita de momentos, então viva, Wanessa!!
“Você me viu crescer, sabe o que eu passei, sabe de onde eu venho, o quanto eu lutei, quanto eu me empenho buscando o meu lugar pra cantar... Eu sou regida pelo amor, eu tenho uma vida pela frente, o jogo apenas começou, eu vou fazendo diferente, eu sou aquela gaivota que quer sempre melhorar o jeito de voar (Meu Momento, 2009).”
“Se você quiser um soldado,
então talvez eu seja, se você quiser uma guerreira, então talvez eu seja, você
não pode fugir, está no meu DNA. Eu não quero nunca mais me mudar, eu sou
apenas a garota que eu deveria ser. Eu sou louca, não ouse tentar combatê-la
(DNA, 2012).”
“Uma mulher que acabou de descobrir que ela pode fazer qualquer coisa que quiser e mudar tudo... mas ela está consciente que só depende dela... agora ela sabe: a fé é cega! E agora ela quer compartilhar, se renda! Eu tenho uma longa estrada pra caminhar (Blind Faith, 2013).”
“Do temeroso, nasce coragem.
Da duvida, nasce o saber. Da fragilidade, nasce a força. Eu quero escrever a
minha história, eu vou escrever a minha história: uma mulher livre (Liberdade,
O Monólogo, 2018).”