Chegou
dezembro, e com ele chega também a certeza que o fim do ano se aproxima: É
tempo de reflexão, de reafirmar a fé, de preparar o coração para a
concretização de mais um ciclo anual na expectativa que as coisas estejam ainda
melhores nas cenas dos próximos capítulos. Curioso que sempre quando chega o
final do ano, tendemos a realizar uma retrospectiva pessoal e avaliar todas as
nossas ações reproduzidas, todas as metas conquistadas e os desejos não
realizados, e neste mesmo tempo de reflexão, construímos novos sonhos e
expectativas para o novo ano que se aproxima, novos projetos de vida,
importantes para a saúde do ser humano.
Projetos
de vida são sempre bem vindos, principalmente aqueles colocados em prática e
que de alguma forma inclinam-se para o agrado e bem estar do outro. E assim
como na vida, a música também reflete essa realidade, através dos projetos
musicais que, particularmente, ajudam na capacidade de assistir ao mundo e as
situações cotidianas, no mínimo, de uma forma diferente e a despertar a
audição, um dos cinco sentidos humano, com a diversidade de experimentos e
variações musicais, geralmente presente nos projetos musicais. Dentre tantos,
destaco o audacioso e inovador projeto paralelo da cantora Pitty e do
guitarrista de sua banda, Martin.
O
projeto AGRIDOCE nasceu durante o intervalo da banda, quando Pitty e Martin
decidem se isolar numa casa na Serra da Cantareira, em São Paulo e produzir
música experimental e minimalista, porém despretensiosos. Para isso, eles se aventuraram
na folk music, experimentando uma diversidade de sonoridades que tinham o
violão e o piano como instrumentos-base. Estas canções foram compiladas num
álbum homônimo, lançado em novembro de 2011, e resultou numa extensa grade de
shows por todo o Brasil e em festivais estrangeiros.
O
motivo de ter escolhido o Agridoce pra esta publicação de dezembro é justamente
porque sinto que as canções deste projeto traduzem com maestria os sentimentos
advindos com a chegada do fim de ano. Acredito que as suas canções conseguem
transmitir nostalgia e ao mesmo tempo trazem esperança, sentimentos esses que
nos remetem muito ao que todos nós costumamos sentir e refletir neste período
de fim de ano.
Acredito
que a canção que retrata com mais firmeza esta sensação de nostalgia e
esperança, é o primeiro single do duo, ‘dançando’, que introduz o ouvinte a um
lado doce e ingênuo da Pitty que, acompanhado de rimas simples, nos leva a uma
viagem de instrumentalização sensorial devido a uma voz suave, com o apoio de
um violão, piano e sinos que ambientam e completa a sensação de calmaria e
ternura, presente na canção.
Adiante,
em ‘Romeu’ somos convidados a entrar na melancolia de alguém que tinha receio
de se entregar por uma paixão e perdeu a oportunidade de vivenciar algo bonito
pelo fato de temer as consequências no futuro. Sinto uma ligação forte com esta
canção, pois por vezes fui levado apenas pela conquista e ao retornar a minha
consciência, percebia que o medo de arriscar naquela relação era maior do que
qualquer outro sentimento. Confesso, fui egoísta, mas o curioso é que tudo que
vai, volta. E voltou.
Adiante,
uma curiosidade: na canção ’20 passos’ temos a oportunidade de conhecer e nos
encantar com a voz do Martin e com a instrumentação emotiva presente na canção
composta de apenas duas estrofes, que nos convidam a conhecer e entender a
imaginação do eu lírico, dentro da complexidade do que conhecemos por ser humano.
Para
finalizar, ainda sobre o álbum, recomendo a canção ‘130 anos’ que se inicia ao
som de uma harmoniosa e doce Escaleta; ‘Embrace the devil’, onde podemos ouvir
o som dos pássaros na Serra da Cantareira e de tocantes sinos; por fim, o dueto
de vozes entre o Martin e a Pitty na canção ‘Upside Down’ merece atenção.
Na
música, me interesso pelos projetos paralelos, pois geralmente eles são
repletos de hibridismo musical e liberdade criativa, adicionando Pitty e Martin
a esta ideia, certeza que algo bastante significativo sairia como resultado
final: Agridoce. Fica a minha recomendação do mês!
Assim
eu me despeço, na torcida por novos projetos, não só no mundo da música, mais
projetos de vida, que nos façam sempre crescer como seres humanos evoluídos e
que acredita que o agora é melhor do que o que passou. À tudo, minha gratidão!